Foi-me enviado este texto, que julgo pertinente para a temática do novo acordo ortográfico, pois expressa a ideia de muitos portugueses:
"Eu sei que foi no século passado, que frequentei a instrução primária, e, acreditem, não foi assim há tanto tempo. Por isso, recordo sem saudade, o que passei para aprender a escrever "correctamente a língua - essa nossa Pátria", caso contrário, malhavam-me umas reguadas, sem qualquer explicação morfológica,que até eram aviadas com uma palmatória - a menina dos cinco olhos - mais famosa que a Tina Turner à bolachada com o Ike. Dos alunos que errassem na "redacção", o regente da sala "actuava", desses fazia uma "selecção", e mandava-nos a todos para o quadro preto ou virados para a parede e em pé, à espera do "complemento directo", que seria aplicado consoante o número de erros dados, e que nos punha as mãos a arder. Levei por causa desse método inquisitorial e por tão más "acções" que violavam o "acordo ortográfico" em vigor, porrada velha, e dela só me livrei, quando passei a escrever como era imposto, pelos "malacas" daquele tempo. Passados alguns anos, constato hoje, que quem estava certo era eu mais os colegas da pancada injusta, e demasiado avançado para a época. Por via dessa "colecção" de erros ortográficos, fui avaliado e classificado, nunca atingindo o mérito que hoje atingiria, à luz do "novo acordo ortográfico". A repressão de que fomos vítimas no velho ensino, pergunto, justificou-se? Justifica-se hoje, obrigarem os alunos da escola "actual", a escrever afinal, como eu escrevia no "século passado", pelos vistos, "erradamente"? E da violência a que fui submetido por desrespeito à língua, quem é que repara o abuso, ou "indemniza" por danos na auto-estima e no insucesso para que hoje não seja doutor, com assento no parlamento, se eu apenas demonstrei por "A mais b, c, p" e demais trapalhada, que era um miúdo precoce e adivinhava que o acordo deste século, não demoraria muito a ser aprovado, e que os erros de ontem são os acertos de "oje"? Que penalização pode sofrer um aluno no "ativo", "qe" escreva agora,"omem", “umanidade” “umicídio” “tranqilo" “traqina”, "qerela”, qestionário" "ortaliça", "inqérito" "qebrado", " com a lógica idêntica de "direto", “correto” “ótimo” “ótica”, e por aí fora, se ele já está a escrever precocemente e segundo o acordo "qe àde" entrar em vigor em 2050" (!), assim que apareça outro "colégio de malacasteleiros" sem terem nada mais para fazer? Quem afinal anda a "brincar" com a língua portuguesa, património universal de um povo todo?"
Joaquim A. Moura – Penafiel
“o autor escreve de acordo com a antiga
ortografia, até que a morte os separe”
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