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sábado, 25 de fevereiro de 2012

Novo Acordo Ortográfico (6)

Utilização

O novo acordo ortográfico está atualmente em vigor e que a Resolução do Conselho de Ministros nº 8/2011 de 15 de janeiro determina que “…a partir de 1 de janeiro de 2012, o Governo e todos os serviços, organismos e entidades sujeitos aos poderes de direção, superintendência e tutela do Governo aplicam a grafia do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, aprovado pela Resolução da Assembleia da República n.º 26/91 e ratificado pelo Decreto do Presidente da República n.º 43/91, ambos de 23 de agosto, em todos os atos, decisões, normas, orientações, documentos, edições, publicações, bens culturais ou quaisquer textos e comunicações, sejam internos ou externos, independentemente do suporte, bem como a todos aqueles que venham a ser objeto de revisão, reedição, reimpressão ou qualquer outra forma de modificação”.

Novo Acordo Ortográfico (5)

Acentuação gráfica

Na acentuação gráfica houve algumas alterações com a introdução do novo acordo ortográfico.

Supressão de acentos gráficos em palavras graves (palavras com acentuação predominante na penúltima sílaba) 

Nos verbos da 2ª conjugação, que contém um e tónico oral fechado em hiato com a terminação –em da 3ª pessoa do plural do presente do indicativo ou conjuntivo não recebam acento circunflexo. 
Creem, deem, leem, veem, descreem, releem, reveem

Nas palavras graves que tendo respetivamente vogal tónica aberta ou fechada, escrevendo-se do mesmo modo (homógrafas) de palavras formadas, na sua origem, por duas palavras (proclíticas) deixam de receber acento agudo ou circunflexo.
pela(s) (é), substantivo e flexão de pelar e pela(s), combinação de per e la(s)
polo(s) (ó), substantivo e polo(s), combinação antiga e popular de por e lo(s)
para(á), flexão de parar e para preposição

Nas palavras graves com ditongo oi (Nota: comboio, dezoito, já não tinham acento)
asteroide, carcinoide, heroico, esfenoide, espermatozoide, etmoide, ictitoide, jiboia, joia

Exceções
pôde, 3ª pessoa do singular do pretérito perfeito do indicativo e pode presente do indicativo assim como pôr, forma verbal e por, preposição
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O Novo Acordo prevê que se assinale, na norma culta lusoafricana, com acento agudo nos verbos regulares da primeira conjugação, a terminação da 1ª pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo, de modo a distingui-la das correspondentes formas do presente do indicativo e que na norma culta brasileira não haja distinção. O mesmo acontece com o verbo dar na 1ª pessoa do presente do conjuntivo, usando acento circunflexo.

Norma lusoafricana – andámos, cantámos, lavámos, dêmos
Norma brasileira – andamos, cantamos, lavamos, demos
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Na língua portuguesa encontramos palavras com divergências de timbre entre a norma lusoafricana e a norma brasileira , por exemplo, palavras que têm vogais tónicas e e o, seguidas das consoantes nasais m e n, em Portugal essas vogais são abertas (com acento agudo) e em grande parte do Brasil são de timbre fechado (com acento circunflexo). São legítimas as duas variantes. Alguns exemplos:

Palavras esdrúxulas (acento tónico na antepenúltima sílaba)

Vogal e seguida de consoante nasal m e n
Norma lusoafricana – académico, biénio, efémero, gémeo, género, génese, oxigénio
Norma brasileira – acadêmico, biênio, efêmero, gêmeo, gênero, gênese, oxigênio

Vogal o, seguida de consoante nasal m ou n
Norma lusoafricana – agronómico, barómetro, cómico, crónico, homónimo, matrimónio
Norma brasileira  –  agronômico, barômetro, cômico, crônico, homônimo, matrimônio

Palavras graves (acento predominante na penúltima sílaba)

Vogal e seguida de consoante nasal m ou n
Norma lusoafricana – fémur, Fénix, pénis, ténis, Vénus, xénon
Norma brasileira  –  fêmur, Fênix, pênis, tênis, Vênus, xênon

Vogal o seguida de consoante nasal m ou n
Norma lusoafricana – abdómen, Adónis, bónus, ónix, ónus, pónei
Norma brasileira  –  abdômen, Adônis, bônus, ônix, ônus, pônei

Palavras agudas (acento tónico na última sílaba)

Vogal e e o final em palavras agudas
Norma lusoafricana – caraté, bebé, croché, matiné, puré, cocó, ró
Norma brasileira – caratê, bebê, crochê, matinê, puré, cocô, rô

Vogal o final com variação de sílaba tónica
Norma lusoafricana – judo, metro
Norma brasileira – judô, metrô
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O trema é um sinal ortográfico (¨) que era usado nos grupos gü e qü, para indicar que a vogal -u- devia ser lida (ex.: lingüístico), mas esta utilização foi suprimida para o português lusoafricano pelo Acordo Ortográfico de 1945 e para o português brasileiro pela aplicação do Acordo de 1990. Continua a ser usado em português em derivados de palavras estrangeiras (ex.: mülleriano).

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Novo Acordo Ortográfico (4)

Hifenização

Com a introdução do novo acordo ortográfico, em relação à hifenização, a regra é a simplificação e redução do uso de hífens.

Agora, na nossa língua, o hífen é mais escasso, pois as palavras compostas formadas por dois elementos tendem a aglutinar-se e as palavras compostas formadas por 3 (ou mais) elementos tendem, simplesmente, a perder o hifen

Contudo há exceções, que são as seguintes:


Usa-se hífen nas palavras compostas comuns, sem preposições, quando o primeiro elemento for substantivo, adjetivo, verbo ou numeral (exceto nas ligações da preposição de com as formas monossilábicas do presente do indicativo do verbo haver: hás de, heis de).
Amor-perfeito, boa-fé, guarda-noturno, guarda-chuva, criado-mudo, decreto-lei.

Usa-se hifen nas palavras compostas que designam espécies na área da botânica e da zoologia, estejam ou não ligadas por preposição ou qualquer outro elemento.
Abóbora-menina, couve-flor, erva-doce, feijão-verde, bênção-de-deus, erva-de-rato, erva-de-chá, ervilha-de-cheiro, fava-de-santo-inácio, bem-me-quer, andorinha-grande, cobra-capelo, forminga-branca.

Usa-se hífen, nas palavras compostas comuns, antes de um h (exceto quando o termo perdeu o h original como em desumano, inábil).
sobre-humano, proto-história, tele-homenagem, sub-humano, super-homem.

Usa-se hífen nas palavras compostas quando um ou ambos os vocábulos, com a aglutinação, perdessem a sua dicção.
Sub-reitor, circum-ambiente, mal-estar. 

Usa-se hífen nas palavras compostas quando o prefixo é além, aquém, bem, ex, pós, pré, pró, recém, sem, vice (exceto quando a pronúncia for fechada como em pos, pre, pro, neste caso aglutina-se ao outro termo: preencher, posposto, preaquecer, predeterminar, preestabelecer, preexistir).
além-mar, bem-educado, pré-natal, pró-reitor, recém-nascido, sem-terra, vice-campeão.

Usa-se o hífen nas palavras compostas quando o prefixo termina em vogal e o elemento imediatamente seguinte começa por vogal igual àquela, (excetuando o prefixo co- e re-, que ocorre em geral aglutinado, mesmo quando o elemento seguinte começa por o ou por e, respetivamente).
anti-inflamatório, mini-instrumento, micro-organismo, sobre-erguer, ultra-apressado.

Usa-se hífen nas palavras compostas com elementos repetidos ou com apóstrofo.
tico-tico, tique-taque, pingue-pongue, blá-blá-blá, cobra-d'água, mãe-d'água, mestre-d'armas.

Usa-se hífen em certas grafias consagradas (que são exceções à regra pois as palavras compostas por três termos perdem o hífen).
Água-de-colónia, arco-da-velha, pé-de-meia, mais-que-perfeito, cor-de-rosa, à queima-roupa, ao deus-dará.

Espero que estas oito exceções vos ajudem a melhor utilizar o novo acordo ortográfico. 

Mas convém relembrar algumas regras ainda vigentes, por exemplo, aquando da aglutinação e quando a pronúncia exigir, dobram-se o r ou o s do segundo termo e quando o hifen cai no fim da linha, o hífen deve ser repetido, por clareza, na linha abaixo como: couve-
-flor

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Novo Acordo Ortográfico (3)

Supressão de consoantes

Possivelmente, onde existem maiores (e mais visíveis) alterações introduzidas com o novo acordo ortográfico é na supressão gráfica de consoantes mudas ou não articuladas. Por exemplo, antes das alterações ao acordo ortográfico vigente escrevia-se acção, mas com o Novo Acordo, como o C (a segunda letra) é mudo, a palavra ação passa-se a escrever “ação”.

Se não se lê não se escreve, parece ser uma explicação fácil para a alteração. Seguem-se mais alguns exemplos de vogais que perdem a consoante muda:
CC – abstracionismo, colecionador, lecionar, protecional
CÇ – ação, coleção, contração, distração, proteção
CT – ata (nome), ativar, ator, diretor, letivo, objetivo, projeto
PC – anticoncecional, dececionante, excecional, rececionista
PÇ – aceção, adoção, conceção, deceção, receção
PT – Egito, adotar, batismo, ótimo, otimismo
  
Se se lê, então escreve-se, por outras palavras, onde a consoante se articula, esta mantém-se. Temos assim os seguintes exemplos:
CC – faccioso, friccionar, perfeccionismo
CÇ – convicção, ficção, fricção, sucção
CT – bactéria, compacto, intelectual, néctar, pacto
PC – capcioso, egípcio, núpcias, opcional
PÇ – corrupção, erupção, interrupção, opção
PT – adepto, apto, eucalipto, rapto

Esta supressão de consoantes mudas ou não articuladas faz com que haja (e continue assim a haver) a coexistência de duas grafias, devido à variação de pronúncia nas duas normas cultas, o Novo Acordo prevê que nas palavras que apresentam variação entre a pronúncia e o emudecimento, se registe essa variação com dupla grafia, como:
característica/caraterística
dactilografia/datilografia
infecção/infeção
intersecção/interseção
sector/setor

Temos também palavras onde se verifica uma oscilação entre a norma culta lusoafricana e a norma culta brasileira. Ou seja, existem palavras em que se pronuncia a consoante conforme a norma.
Por exemplo:
Norma lusoafricana – facto/fato – Norma brasileira
Norma lusoafricana – contactar/contatar – Norma brasileira
Norma lusoafricana – olfacto/olfato – Norma brasileira
Norma lusoafricana – conceção/concepção – Norma brasileira
Norma lusoafricana – corrupção/corrução – Norma brasileira
Norma lusoafricana – receção/recepção – Norma brasileira
Norma lusoafricana – subtil/subtil ou sutil – Norma brasileira
Norma lusoafricana – amígdala/amígdala ou amídala – Norma brasileira
Norma lusoafricana – indemnizar/indenizar – Norma brasileira
  
A relembrar que nas assinaturas pessoais e nos nomes de marcas ou entidades registadas não é obrigatória a adoção da nova ortografia, por exemplo:
Victor Baptista (nome próprio)
Activa (revista)
Sociedade Protectora dos Animais (entidade registada)